06/12/2009

Quando escrevo...


Posso vestir-me com a roupa que quiser, ser mulher ou ser criança, ser herói ou não ter esperança.
Posso tirar do nada uma estrela apagada e, espremê-la na mão, deixá-la cair no chão.
Posso ser um choupo no Outono e ganhar flores, ter todas as cores mesmo sem conhecer nenhuma, tomar banho sem fazer espuma.
Posso apanhar de dentro da noite dois sóis, entre lençóis, que não queimam nem envelhecem.
Posso atirá-los ao mar e deixá-los borbulhar em ondas redondas, desarrumar o mundo, ter azeite no fundo.
Posso ser uma castanha a saltar no braseiro, abraçar sozinha o mundo inteiro, deixá-lo voar e torná-lo a caçar.
Posso sentir por atalhos, pousar em todos os galhos, como as aves sem abrigo, sem chaves e sem amigo.
Posso ser pirata, escrever com lápis de lata, fazer magia com potes de alegria, ser astronauta e só ter luas na pauta.
Posso comprar o anel de Saturno, brincar em qualquer turno, pegar no mundo ao colo até ele dormir, abrir os braços e fugir.
Posso ser borboleta nocturna, que não morre mesmo que durma, ou um morcego de alma fria e viver só de dia.
Posso ser rio que se lança ao mar sem nunca se afogar, passear pelo paraíso, perder todo o juízo.
Posso escangalhar a história na minha memória, e esvaziar vontades, meter glória, tirar saudades.
Posso passar a ferro personalidades encorrilhadas, estender almas molhadas, acampar em Marte, mas nunca deixar de amar-Te!

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