
Hoje vou para o alto mar, pescar todas as estrelas do céu.
Vou devorá-las à dentada, para que brilhem todas dentro de mim.
Queres que te guarde algumas para ti?
Vou embrulhar cinco dentro de uma nuvem fofinha para que não se estraguem.
Depois sentámos-nos na lua e fazemos um piquenique no céu.
Traz uma garrafa de sede para me poderes beber completamente, e não te esqueças da toalha de espuma para não molharmos os pés.
Vou convidar alguns anjos para nos servirem este manjar dos deuses, e para te sussurrarem ao ouvido aquelas palavras que não consegues dizer-me.
Quando estiveres saciado, deitamos-nos na lua a ver o sol passar e o tempo a brilhar.
Depois, beija-me o coração devagar, como quem dança, para não o magoares.
Se me deixares, abraço-te a alma com a minha; um abraço forte, não vão os anjos querer levá-las!
...
Já estás a chegar não estás?
Já ouço o eco dos teus olhos...
Tem cuidado!
Não calques nenhuma estrela pelo caminho!
...
Chegás-te!
Estás tão bonito quanto esta mansidão de astros!
Mas...vens de branco? Porque vens vestido de espuma?
A toalha é que era de espuma...
Estás tão sublime, pareces um anjo! És um anjo?
Porque é que és um anjo? Mas os anjos não eram os convidados?
Que sorriso! Trazes sede na boca!
Porque não touxes-te água? A sede não vinha numa garrafa?
Beijas-me com sal...Mas beijaste-me os lábios...
O beijo não era no coração?
Sussurras baixinho... Dizes-me ao ouvido o que eu quero ouvir!
Porque me estás a arrepiar? Não eram os anjos que te iam falar?
Tens um olhar...Mas trazes estrelas nos olhos?
As estrelas não eram para comer?
Partes...
Espera!
Levas a minha alma contigo!
Porque é que a levas e deixas ficar a tua?
Não eram os anjos que as queriam levar?
...
Olhas para mim com estrelas nos olhos e sorris com sede na boca.
Do interior da tua roupa de espuma branca, ouve-se a tua voz que sussurra:
-Eu sou um anjo!
O meu eco responde:
-És como eu!
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