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Hoje escrevo-te pela última vez.
Para que venhas ao meu mundo e eu te peça um perfume de jasmim, que não gosto mas sinto, em minhas mãos que não param de pensar em nós.
Fundidos como chocolate ou queijo, assim nos quero, ao lume.
Quero mergulhar em ti como se fosses o meu chocolate quente e, eu o teu morango, que não gostas mas desejas.
Para te poder abraçar na mesma dança, ao som de cafés cheios de preconceitos e pessoas cheias de cafeína.
Não tenho medo da lua porque está longe, mas ainda tenho medo do teu olhar, como uma criança receia a noite, porque continuo a confundi-lo com o meu.
Tenho medo porque me faz bem, como o sono para um bebé e, porque me preenche por dentro, como o ar para um balão de festa.
Estive longe mas continuo a precisar da tua voz para me acalmar a alma, e das tuas palavras para me acelerarem o coração.
Estou longe porque fiz escolhas e tu não!
Estarei longe, mas conheces todas as minhas coordenadas e, as portas da minha tenda estarão sempre abertas.
Tenho paragens cardíacas todas as manhãs, quando não te vejo na minha vida, e são as nossas conversas que me resuscitam por minutos.
Tenho uma chaga no coração, produzida pela distância, e joelhos vacilantes cada vez que ainda te sinto.
Mas preciso que morras logo de uma vez, para chorar tudo, porque não quero que me voltes a matar a cada partida, a cada adeus.
Continuo a necessitar de exclusividade, como o sol precisa de ser a única estrela a aquecer a terra.
Não quero um amor gourmet-pouco e caro!
Como sonhos e ilusões ao pequeno-almoço mas, ao meio-dia já estou com fome e é mais difícil sonhar com a barriga vazia...
Às vezes esqueço-me que é dia e confundo-me com a sombra.
Às vezes confundo-me com o escuro da noite e esqueço-me de dormir.
Às vezes não me reconheço e escrevo sobre mim até a tendinite me fazer parar, sempre antes que eu me conheça completamente.
Tenho fome de ti mas, preciso de fazer dieta, ordens médicas, e por isso este ano sabático vai ter que ser prolongado indeterminavelmente.
Tenho ainda mais fome de mim, preciso de me encontrar, de me perdoar...preciso de mim!
Não quero mais ter-te no horizonte, eu sei que ele existe mas nunca o consigo alcançar.
Não quero mais sentir-te, não quero mais pensar-te, não quero mais escrever-te.
Adeus meu amor, estou a chegar!
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