27/11/2010

E se a tua casa, fosse EU?


Se na tua vida tens lugar para a prosa mas ainda te sobra um cantinho livre para a poesia e para a primavera do espírito...
Se os sons da natureza cabem dentro de ti, se tens lugar para o vento, a liberdade, para o sol e a tempestade, lugar para umas botas de montanha nos pés e ar puro na alma...
Se em tua casa tens espaço para uma marquesa de massagem, uma cadeira de massagem, dezenas de óleos e cremes de massagem e, voluntariamente te cabe em ti uma massagem diária...
Se tens sempre um sorriso pronto, que entre todinho em todas as fotografias que vamos querer perpetuar...
Se no teu armário tens espaço para 30 pares de calças, outros tantos de sapatos, sapatilhas, sandálias, botas e chinelos...se ainda tens cruzetas vazios para 30 casacos, 20 camisas, 20 vestidos, e dez quilos de lenços e cachecóis e só 1/3 será usado...
Se na tua vida tens lugar para um cavalete, telas pintadas, telas em branco, pincéis, tintas para pintar a óleo, a aguarela, a carvão, a pastel, a parede e os olhos...
Se na tua mochila ainda cabem: uma tenda de campismo, uma lanterna, uma bússola, um impermeável e a palavra Partilhar...
Se tens um corpo compatível com o calor de uma fogueira, com o formato de um saco cama e com a aventura de dormir ao relento, mas acompanhado...
Se a tua sala tem espaço para uma biblioteca e para uma pista de dança, com livros escritos por nós e música do coração dançada a dois...
Se na tua casa de banho ainda cabe outra escova de dentes, de cabelo e dos sapatos, mais uma colecção de toalhas e toalhetes, creme para o dia, creme para a noite, creme para as olheiras, para a celulite, para as rugas e para a praia...quase todos por encertar...
Se tens um espaço frio na tua cama para uma mulher pequena mas com um coração grande e quente...
Se a cada manhã, tens espaço para o sentido de humor e tempo para sarar as feridas dos outros, com a alegria de uma criança...
Se a cada noite ainda te cabe em ti uma mão cheia de sonhos a partilhar e um corpo quente a abraçar...
Se tens espaço na tua alma e paciência no teu coração para uma mulher simples, mas tão complicada!...
...então leva-me contigo, porque talvez seja eu a tua casa, a tua tenda, o teu abrigo e encontres em mim a paz da noite e a paixão da vida!!!

08/11/2010

Eu Preciso!


Preciso de um amor com a delicadeza de uma borboleta mas, com a consistência do Gore-Tex!
Que seja pegajoso como mel mas, que possua a fluidez de um rio sem medo de se lançar ao mar, sempre!
Que tenha a doçura de um morango e que traga consigo um mar salgado para navegarmos juntos.

Um amor que me consiga podar os defeitos e adubar as qualidades.
Que seja o meu petromax nas noites sem luar e o quente do sol nos dias sem fogueira no azul.
Que misture a sua sombra na minha, o seu mundo encostado ao meu, que divida o frio comigo.

Um amor que saiba pastorear os nossos sonhos e enxotar os pensamentos tristes.
Que me costure as feridas com o carinho de um alfaiate e que me regue todos os dias com a paciência de um jardineiro.
Que me faça batucar o coração e que me sacuda o sangue com a música da alegria.

Preciso de um amor que me engravide de céu e me salve nas suas asas de paz.
Um amor que me acaricie a alma e me faça cócegas no coração.
Preciso!

14/08/2010

Flor selvagem



Sou flor selvagem, espero que não faças alergia ao meu polém, pois preciso da tua brisa para o transportar e me multiplicar.

A tua chuva miudinha é suficiente para me regar mas, preciso dela todos os dias, não quando chove!

Vem polinizar-me como se fosses beija flor ou querubim, é urgente sugares o meu néctar para que continue viva.

As minhas pétalas são coloridas e alegres para te atraírem mas, a minha raiz é simples e frágil, preciso da tua proteção, preciso que cuides de mim, sempre!

15/03/2010

Caminhando


Enquanto caminho, não tenho tempo para cochichos nem para maçãs doces.
O milho dos campos está maduro e os girassóis já estão abertos.
Ficaram para trás as margaridas e as cerejas mas ainda trago o cheiro do alecrim e das rosas.
Vem por aqui...
Vem comigo, por este lugar onde a dor vai desaparecendo na sombra de cada árvore, e onde o rio vai lavando a saudade que trazemos nos pés.
Não há tempo para sestas nem para pão cozido.
A tenda já está desmontada e os cordões das botas, apertados.
É tempo de ir...
Com os olhos postos no caminho, os fracassos, as desilusões, e as frustrações não fazem parte da paisagem.
De mochila às costas, os impossíveis ficam para trás.
São pesados de mais e a caminhada ainda é longa para carregar-mos pedras inúteis.
Se queres seguir comigo, trás só o essencial...
Chocolate, protetor solar, um sorriso que dure e um amor que não pese.
O resto é o resto: dispensável!
Apressa-te lentamente porque o dia está para nascer e não queremos perder o milagre da mãe natureza a dar à luz.
Vamos por trilhos que não foram calcados por mais ninguém, mas que os nossos pés já conhecem melhor que os olhos. Só temos que ensiná-los ao nosso coração.
Quero mostrar-te um lugar que me dá tudo o que eu não tenho: paz, calma, segurança.
Mas primeiro precisamos de subir para ficarmos mais perto do céu.
É urgente termos vistas largas para vermos o horizonte até ao infinito.
Chegamos...
No cimo desta montanha, vemos um tapete azul sem fim.
É este o meu lugar especial.
Se gostares, podemos demorar-nos.
Montar tenda, acender uma fogueira, porque a manhã ainda tarda e o corpo pede calor.

26/02/2010

Paisagem de mim



Já fui floresta tropical com milhares de plantas e animais sem fim.

Agora sou deserto sem água, sem verde, sem nada para além desta areia fina que seca, que mata.

Já fui trópico, fiz transpirar, beber, despir, apaixonar. Um lugar onde todos dançavam e colhiam alegria.

Agora sou os dois pólos num só, tenho gelo de Norte a Sul e não há aquecimento global por estas paisagens. Aqui os ursos são felizes, não estão em perigo de extinção e a neve não tem medo de derreter.

Já fui campo verdejante com flores de mil cores e borboletas que voavam livres, tinha cheiro a alegria e alecrim.

Agora sou cidade cinzenta de ruído, de poluição, e de um egoísmo que me assombra; repleta de inveja que me deprime.

Já fui rio sem barragens, sem pontes nem barreiras. Aqui ninguém precisava de me atravessar, bastava percorrerem-me por águas doces e soltas.

Agora sou lago estagnado, com águas paradas e esgotadas, sem nascente, sem corrente, sem ter onde desaguar.

Já fui um fim de tarde de verão, com sol e calor, fui mar, praia, areal sem fim.

Agora sou mais um dia cinzento de inverno, onde a neve é rainha e a chuva chega antes do amanhecer. Sou um mar congelado no tempo.

...

Hoje sou árvore sem folhas, campo sem flores, céu carregado de nuvens.

Esta é a minha paisagem...um lugar onde o sol não brilha mais.

19/02/2010

Nascer com o sol


O pôr do sol é magnífico...
Mas, o nascer do sol é a coisa mais sublime que eu alguma vez vi no reino da natureza.
É ver as sombras a tomarem forma de novo.
É ver o candeeiro do mundo a acender-se para todos.
É como nascer de novo sem ser preciso chorar...

O pôr do sol é aconchegante, romântico e nostalgico...
Mas, o nascer do sol dá-nos a esperança e o conforto de podermos começar tudo de novo.
É ver as espetativas da vida a florirem em forma de luz divina.
É ver as metas a serem traçadas e fazermos planos.
É como nascer de novo sem ser preciso morrer!

09/02/2010

Bunke*


Apetece-me acabar como o sol, no fim do dia.
Às vezes, cair como as pedras no precipício.
É o teu sorriso que me salva!

Queria eclipsar-me como a lua, na lua nova.
Às vezes, encolher-me como os ouriços cacheiros no medo.
O teu abraço é que me liberta!

Sinto a alma a rebentar como os balões, no fim da festa.
Às vezes a fé a afundar-se antes de adormecer.
É o teu olhar que me mostra a luz!

Tenho o corpo a desmoronar-se como os prédios em ruínas.
Às vezes, a cara molhada com solidão, como os velhos.
A tua boca é que me cala a dor!

Preciso de chorar como as nuvens, no fim do verão.
Às vezes, tremer como as crianças no escuro.
É a tua voz que me acalma!

Naufrágo todos os dias numa ilha, como ave perdida.
Às vezes, a saudade faz-me penar depois de acordar.
A tua força é que não me deixa desistir!


*abrigo subterrâneo de betão

26/01/2010

Risório de Santorini: o músculo do riso


Um sorriso expressa sentimentos confortáveis, desbloqueia e purifica a mente e adoça a alma mais amarga.
Tanto pode ser um antídoto para a tristeza, como também se pode transformar numa arma poderosa, capaz de penetrar na alma e provocar estragos no coração.
O sorriso liberta tensões, oxigena o corpo e até favorece a digestão.
Barato, sem contra indicações ou efeitos secundários, o riso é mesmo o melhor remédio para nos defender contra a infelicicdade.
Cientificamente, o riso é uma descarga da excitação nervosa excessiva mas, destes excessos ninguém se deve privar.
Possivel apenas na espécie humana (porque o músculo risório só existe no homem) o riso deve ser visto por nós como uma benção, um privilégio, um milagre capaz de inundar positivamente a vida de quem o usa e faz multiplicar.
Este método curativo é para tomar e abusar, várias vezes ao dia, em doses moderadas pela vontade.
Pode ser tomado por todos, independentemente da idade, do sexo ou doença, e é compativel com qualquer outro medicamento.
Numa criança, é uma doçura impossivel de traduzir.
Nos adultos, é uma gota de sol, um reflexo de felicidade que os preenche e transforma.
Um sorriso sem limites para todos!

16/01/2010

Vejo-te


Sinto que já estás aqui ao meu lado, embora não te possa escutar.
És tu que me embalas a cada noite de insónia e ternura.
Sim, eu sei que és tu.

És a a labareda divina que me envolve como o nevoeiro de cada madrugada que me alcança.
Consigo ver-te mesmo de olhos fechados, mesmo sem estares aqui.
Mas preciso do teu abraço espesso e sincero e do teu olhar abundante.

Porque não vens e me abraças nesta tarde fria de inverno, onde os girassóis já fazem saudade e o mar é mais uma miragem?
Vejo-te todos os dias no meu coração e lá estás tu a sorrir-me!

05/01/2010

Eclipse do amor astral


Os dois astros mais sublimes encontraram-se. Estarão apaixonados?
Através de um espetacular alinhamento planetário, deixaram-nos a todos de "papo pró ar", para observarmos o casamento sagrado em toda a sua plenitude.
O rei do dia e a dama da noite... Tão diferentes, tão iguais. Cada um mais sublime que o outro. Quem disse que os opostos não se atraem?
A lua avança para cima do sol na sua magnitude total. Desta forma, o caloroso sol, envolveu a sua fria amada com os seus raios e acariciou-a com dedos de luz, passando a haver uma luminosidade especial à volta dela. Esta não se mostrou rogada e deixou-se amaciar cheia de ardor, pelas quentes mãos da estrela central do nosso sistema planetário.
O disco solar ficou totalmente escondido através da lua, apesar da diferença de tamanhos.
Unidos confundem-se, pois são iguais. A menina da noite, tão pequenina, tornou-se tão grande perto do enorme resplendor do sol.
O grande brilho do dia cobriu e abrigou a esplêndida lua, mas foi ele que ficou parcialmente escondido. A lua começou a roer o sol e este ficou como um queijo: ratado!
É um espetáculo fabuloso!
A aparente transformação do sol em lua, tem como significado simbólico a divindade masculina e feminina.
Os mais grandiosos e magnificos astros amaram-se por momentos, como se de um presente para todos se tratasse.
Tudo isto se transformou no mais alto grau de perfeição.
Os animais e os pássaros fizeram silêncio num ambiente que ficou pesado; o vento suprou mais fresco, o dia confundiu-se com a noite e a temperatura baixou ligeiramente.
Muitos Homens ficaram a olhar o sol com a cabeça na lua, sem pensar em mais nada.
As estrelas, essas, devem de estar ainda a festejar a magnífica fortuna do astro rei, e do sublime astro da escridão.
Nós, temos que nos contentar apenas, em admirar os descarados astros a insinuarem-se mutuamente sem um pouco de privacidade, mostrando-nos mais uma vez que somos pequenos e insignificantes.
Devemos admirar o atrevimento de ambos por se amarem tão naturalmente e sem medos, mostrando as suas intimidades, mesmo que todos os olhos do mundo estejam virados para eles.
Mesmo assim, o elefante continuará de trombas de certo, e o Homem a desrespeitar a Natureza.
Contudo o sol continua a brilhar e a lua a apaixonar.

03/01/2010

Hipocrisia acima de tudo: é sempre Carnaval


A hipocrisia em ti é um mérito pois, pelo menos enquanto estás a ser sinceramente cínico, contigo e com os outros, consegues disfarçar essa tua alma insensível de tanta podridão. Pintas-te com um ar angelical mas, por detrás das máscaras está uma mente perversa, impura e rasca!
Mentira! Mentira! Até mesmo o que escrevi.
Pensas que enganas quem? Ah! Mentes aos teus próprios olhos, aos teus órgãos vitais, às tuas mãos e até ao teu nariz mentes, dizendo-lhe que é cheiro a rosas o odor do teu sujo ser.
Mens sana em corpore sano, dizes tu.
Mens "porcus" em corpore "badalhocus" dizem os sinceros
Mas orgulha-te. Orgulha-te por teres esse dom da hipocrisia, pois não é qualquer ser que finge ser aquilo que realmente é.
Mas tu consegues. Tu, Bicho Homem!